Tópicos de Artigo
- Introdução
- Ondas do Eletrocardiograma
- Relação com Ciclo Cardíaco
- Registros de Voltagem
Introdução
O eletrocardiograma envolve a aplicação de eletrodos altamente sensíveis, capazes de registrar a atividade elétrica gerada pela contração muscular. Cada tipo de eletrocardiograma fornece informações distintas, e cada linha do traçado representa uma derivação, ou seja, o que um eletrodo específico está captando. Isso permite uma análise mais abrangente e detalhada dos dados coletados. Por meio desse exame, é possível identificar distúrbios elétricos no coração, já que ele detecta os potenciais de ação gerados durante a atividade cardíaca.

Ondas do Eletrocardiograma
O ECG normal é formado por uma onda P, um complexo QRS e uma onda T. O complexo QRS geralmente apresenta três ondas distintas: a onda Q, a onda R e a onda S.
- Onda P: é causada por potenciais elétricos gerados quando os átrios se despolarizam antes do início da sístole atrial.
- Onda P-Q: ocorre a diástole atrial (repolarização atrial), lembrando que quando acaba a repolarização, ocorre a sístole.
- Onda Q-R-S: é o momento em que a despolarização se propaga pelos ventrículos, são ondas de despolarização.
- Ondas T e U: também existem essas duas ondas, a onda T é o momento da diástole ventricular (repolarização ventricular), a onda U é o momento da hiperpolarização.
Antes que a contração muscular possa acontecer, a despolarização precisa se espalhar pelo músculo para desencadear os processos químicos que levam à contração. A onda P surge no início da contração dos átrios, enquanto o complexo QRS aparece no início da contração dos ventrículos. Os ventrículos permanecem contraídos até que a repolarização ocorra, o que só acontece após o término da onda T.
Os átrios se repolarizam aproximadamente 0,15 a 0,20 segundo após o fim da onda P, momento em que o complexo QRS está sendo registrado no ECG. Por isso, a onda de repolarização atrial, chamada de onda T atrial, geralmente fica mascarada pelo complexo QRS, que é muito mais amplo. Esse é o motivo pelo qual a onda T atrial raramente é observada em um eletrocardiograma.
A onda de repolarização ventricular corresponde à onda T no ECG normal. Normalmente, o músculo ventricular começa a se repolarizar em algumas fibras cerca de 0,20 segundo após o início da despolarização (complexo QRS), mas em outras fibras, esse processo pode levar até 0,35 segundo. Assim, a repolarização ventricular se estende por um período considerável, em torno de 0,15 segundo. Por isso, a onda T no ECG normal é uma onda prolongada, mas sua voltagem é significativamente menor que a do complexo QRS, em parte devido à sua duração mais longa.

Relação com Ciclo Cardíaco
Cada onda do ECG está associada a um evento específico do ciclo elétrico do coração. Quando os átrios estão cheios de sangue, o nó sinoatrial emite um impulso elétrico, que se propaga pelos átrios, causando sua despolarização, representada pela onda P. A contração atrial (sístole) começa aproximadamente 100 milissegundos após o início da onda P. O segmento P-Q indica o tempo que o impulso elétrico leva para se propagar do nó sinoatrial até o nó atrioventricular. O complexo QRS marca a ativação do nó atrioventricular e representa a despolarização dos ventrículos.
A onda Q corresponde à despolarização do septo interventricular, a onda R é gerada pela despolarização da maior parte da massa ventricular, e a onda S reflete a fase final da despolarização ventricular. Durante esse período, ocorre a repolarização atrial, mas seu sinal é ofuscado pela amplitude do complexo QRS. O segmento ST representa o platô do potencial de ação do miocárdio, coincidindo com a contração ventricular e o bombeamento de sangue. A onda T indica a repolarização dos ventrículos, ocorrendo pouco antes do relaxamento (diástole) ventricular. Esse ciclo se repete a cada batimento cardíaco.

Registros de Voltagem
As amplitudes das ondas registradas em um ECG normal variam de acordo com a forma como os eletrodos são posicionados na superfície do corpo e com a proximidade desses eletrodos em relação ao coração. Quando um eletrodo é colocado diretamente sobre os ventrículos e outro é posicionado em uma área distante do coração, a amplitude do complexo QRS pode atingir de 3 a 4 milivolts. No entanto, mesmo essa voltagem é considerada baixa quando comparada ao potencial de ação monofásico de 110 milivolts, que é registrado diretamente na membrana das células musculares cardíacas.
Referências Bilbliográficas
- Eletrocardiograma – Procedimento e Pacientes | Saúde – Cultura Mix. Disponível em: https://saude.culturamix.com/medicina/eletrocardiograma. Acesso em: 14 mar. 2025.
- HALL, J. E.; HALL, M. E. Guyton and Hall Textbook of Medical Physiology. 13. ed. [s.l.] Elsevier, 2016.
- EMELIE. Como Funciona O Eletrocardiograma – RETOEDU. Disponível em: https://dsw.aau.edu.et/stu/como-funciona-o-eletrocardiograma.html. Acesso em: 14 mar. 2025.
- VINÍCIUS, M. O que é eletrocardiograma? Como realizar a leitura? Disponível em: https://www.abcdaenfermagem.com.br/o-que-e-eletrocardiograma/.