Tópicos do Artigo
- Introdução
- Pinocitose
- Fagocitose
- Lisossomos
- Autofagia
Introdução
Para que uma célula possa sobreviver, desenvolver-se e se multiplicar, é essencial que ela absorva nutrientes e outras substâncias presentes nos fluidos ao seu redor. A maior parte desses elementos atravessa a membrana celular por meio de mecanismos como difusão e transporte ativo. A difusão consiste em um movimento espontâneo através da membrana, impulsionado pela agitação aleatória das moléculas da substância. Essas moléculas podem atravessar os poros da membrana ou, no caso de compostos lipossolúveis, penetrar diretamente na camada lipídica da membrana.
Já o transporte ativo envolve o deslocamento de substâncias através da membrana com o auxílio de estruturas proteicas que a atravessam completamente. Esses mecanismos de transporte ativo são fundamentais para o bom funcionamento da célula.
Partículas de maior tamanho são internalizadas pela célula por meio de um processo específico da membrana conhecido como endocitose. As principais modalidades de endocitose são a pinocitose e a fagocitose. A pinocitose refere-se à captação de partículas diminutas, formando vesículas que contêm líquido extracelular e componentes particulados no interior do citoplasma celular. Já a fagocitose consiste na ingestão de partículas maiores, como bactérias, células inteiras ou fragmentos de tecido em degeneração.

Pinocitose
A pinocitose é o principal mecanismo pelo qual a maioria das macromoléculas de grande porte, como diversas proteínas, consegue penetrar nas células. Na verdade, a formação de vesículas pinocitóticas tende a se acelerar quando essas macromoléculas se ligam à membrana celular. Durante esse processo, a membrana plasmática se dobra para criar as vesículas pinocitóticas, um mecanismo que demanda energia gerada dentro da célula, fornecida pelo ATP, além de depender da presença de íons de cálcio para ocorrer.
Essas moléculas geralmente se conectam a receptores proteicos especializados localizados na superfície da membrana, que são específicos para o tipo de proteína a ser internalizada. Esses receptores costumam estar agrupados em pequenas depressões na face externa da membrana celular, conhecidas como invaginações revestidas. No lado interno da membrana, abaixo dessas depressões, existe uma rede de proteínas fibrosas chamada clatrina, além de outras proteínas, que podem incluir filamentos contráteis de actina e miosina. Quando as moléculas de proteína se ligam aos receptores, as propriedades da superfície da membrana naquela região se alteram, fazendo com que a depressão se invagine para dentro da célula. As proteínas fibrosas ao redor da área invaginada fazem com que suas bordas se fechem sobre as proteínas ligadas, capturando também uma pequena quantidade de líquido extracelular. Logo após, a porção invaginada da membrana se separa da superfície celular, formando uma vesícula pinocitótica no interior do citoplasma.

Fagocitose
A fagocitose ocorre de maneira semelhante à pinocitose, mas, em vez de envolver moléculas, ela lida com partículas de maior tamanho. Esse processo é desencadeado quando um microrganismo, uma célula morta ou fragmentos de tecido se ligam a receptores presentes na superfície da célula fagocitária. No caso das bactérias, por exemplo, cada uma delas geralmente já está associada a um anticorpo específico; é esse anticorpo que se conecta aos receptores do fagócito, arrastando a bactéria consigo. Esse mecanismo de mediação por anticorpos é conhecido como opsonização. As etapas da fagocitose são as seguintes:
- Os receptores presentes na membrana celular se conectam aos ligantes localizados na superfície da partícula.
- As bordas da membrana próximas aos pontos de ligação se projetam para fora da célula em questão de instantes, envolvendo completamente a partícula. Progressivamente, mais receptores da membrana se ligam aos ligantes da partícula. Esse processo ocorre de forma rápida e coordenada, semelhante ao fechamento de um zíper, resultando na formação de uma vesícula fagocitária fechada.
- Filamentos de actina e outras estruturas contráteis no citoplasma se organizam ao redor da vesícula fagocítica e se contraem em sua borda externa, empurrando a vesícula para o interior da célula.
- Aproteínas contráteis comprimem a base da vesícula de maneira tão intensa que ela se desprende da membrana celular, permanecendo no interior da célula. Esse mecanismo é semelhante ao que ocorre na formação das vesículas pinocíticas.

Lisossomos
Os lisossomos são organelas especializadas na digestão de materiais no interior da célula. Logo após a formação de uma vesícula pinocítica ou fagocítica no citoplasma, um ou mais lisossomos se aproximam dela e liberam enzimas hidrolíticas ácidas em seu interior. Dessa forma, é criada uma vesícula digestiva dentro da célula, onde as enzimas lisossômicas começam a quebrar proteínas, carboidratos, lipídios e outros componentes presentes na vesícula.
Os resultados da digestão são moléculas menores, como aminoácidos, glicose e fosfatos, que podem atravessar a membrana da vesícula e se espalhar pelo citoplasma. O material que não é digerido, conhecido como corpo residual, permanece na vesícula. Na maioria dos casos, esse resíduo é eliminado da célula por meio de um processo chamado exocitose, que funciona de maneira inversa à endocitose. Por esse motivo, as vesículas pinocíticas e fagocíticas, juntamente com os lisossomos, podem ser consideradas os “órgãos digestivos” das células.

Autofagia
Os lisossomos têm uma função essencial no mecanismo de autofagia, termo que significa literalmente “digerir a si mesmo“. A autofagia é um processo de manutenção celular no qual organelas desgastadas e grandes aglomerados de proteínas são decompostos e reaproveitados. Organelas envelhecidas são transportadas para os lisossomos por meio de estruturas de dupla membrana conhecidas como autofagossomos, que se formam no citosol. A invaginação da membrana lisossomal e a criação de vesículas oferecem outra rota para que estruturas citosólicas sejam levadas ao interior dos lisossomos. Uma vez dentro deles, as organelas são degradadas, e os nutrientes resultantes são reutilizados pela célula. A autofagia contribui para a renovação contínua dos componentes do citoplasma, sendo um mecanismo crucial para o desenvolvimento dos tecidos, a sobrevivência celular em situações de escassez de nutrientes e a manutenção do equilíbrio interno da célula, ou homeostase.
Referências Bibliográficas:
- UCHOA, C.; JOSÉ CARNEIRO. Biologia celular e molecular. Rio De Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
- Endocitose. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/endocitose.htm.
- TESTE. Membrana Plasmática – Biologia. Disponível em: https://conhecimentosobj.blogspot.com/2014/04/membrana-plasmatica-biologia.html. Acesso em: 14 mar. 2025.
- FLORES, D. Fagocitose. Disponível em: https://escolaeducacao.com.br/fagocitose/. Acesso em: 14 mar. 2025.
- FLORES, D. Autofagia. Disponível em: https://escolaeducacao.com.br/autofagia/. Acesso em: 14 mar. 2025.