Principais Diferenças entre IgG e IgM e Outras Imunoglobulinas

Tópicos do Artigo

  1. Introdução
  2. IgG
  3. IgA
  4. IgM
  5. IgE
  6. IgD

Introdução

Os anticorpos são proteínas presentes no plasma, classificadas como gamaglobulinas, também conhecidas como imunoglobulinas (Ig). Cada anticorpo possui a capacidade de se ligar de forma específica ao determinante antigênico (epítopo) que desencadeou sua produção. Eles são produzidos por plasmócitos, que se originam da multiplicação e especialização de linfócitos B. Uma das principais funções dos anticorpos é se conectar de maneira precisa ao epítopo que reconhecem, gerando sinais químicos que alertam o sistema imunológico sobre a presença de um agente invasor.

Antígenos que se ligam aos anticorpos IgG e IgM ativam o sistema complemento, um conjunto de proteínas do plasma sanguíneo que promove a lise (destruição da membrana) de microrganismos. Quando ativado, o complemento também auxilia na fagocitose de bactérias e outros patógenos (agentes causadores de doenças). Neutrófilos e macrófagos possuem receptores para a região Fc do complexo antígeno-IgG, permitindo que o IgG una o complexo antígeno-anticorpo à superfície dessas células. Bactérias ligadas ao complexo antígeno-IgG são consideradas opsonizadas, o que facilita significativamente o processo de fagocitose. No ser humano, existem cinco classes principais de imunoglobulinas: IgG, IgA, IgM, IgD e IgE.

FONTE

IgG

A IgG é a imunoglobulina mais presente no plasma sanguíneo. É a única classe de anticorpo capaz de atravessar a barreira placentária e chegar ao sangue do feto, fornecendo proteção imunológica ao recém-nascido. Sua presença no organismo geralmente indica uma fase crônica ou de recuperação de uma infecção, ou ainda uma exposição prévia ao agente infeccioso, seja por meio de uma doença ou vacinação. Dessa forma, os anticorpos IgG atuam como uma defesa importante em caso de um novo contato com o mesmo microrganismo.

A estrutura da IgG é composta por duas cadeias leves idênticas e duas cadeias pesadas, também idênticas, unidas por pontes dissulfeto e interações não covalentes. Quando separadas, as extremidades carboxílicas das cadeias pesadas tendem a cristalizar facilmente, recebendo o nome de fragmentos Fc (fragmento cristalizável). Essas regiões Fc interagem com receptores específicos localizados na superfície de diversas células. Já as extremidades amínicas, formadas por dois segmentos das cadeias leves e dois das cadeias pesadas, constituem os fragmentos Fab (fragmento de ligação ao antígeno). A sequência de aminoácidos nos segmentos Fab é altamente variável, o que confere a especificidade necessária para a ligação com o epítopo. A IgG é, portanto, a única imunoglobulina que consegue atravessar a placenta e transferir imunidade ao feto, desempenhando um papel crucial na proteção do recém-nascido.

FONTE

IgA

A IgA está presente em quantidades reduzidas no sangue. Ela desempenha um papel importante na transferência de imunidade passiva da mãe para o filho por meio do leite materno. Na forma de SIgA (IgA secretora), é o principal anticorpo encontrado em fluidos como lágrimas, leite, saliva, secreções nasais e brônquicas, além do líquido presente no interior do intestino delgado. A SIgA, presente nessas secreções, é formada por duas moléculas de IgA monomérica, conectadas por uma cadeia polipeptídica chamada proteína J, e associada a outra proteína, conhecida como peça secretora ou peça de transporte. A SIgA é altamente resistente à ação de enzimas proteolíticas, o que a torna adequada para atuar em secreções sem ser degradada pelas enzimas presentes nesses ambientes. 

As moléculas monoméricas de IgA e a proteína J são produzidas localmente pelos plasmócitos das mucosas. Já a peça secretora é sintetizada pelas células epiteliais que revestem as superfícies mucosas. Essa estrutura única permite que a IgA exerça sua função protetora de maneira eficaz em locais expostos a agentes externos, como o trato respiratório e digestivo.

IgM

A IgM representa cerca de 10% das imunoglobulinas presentes no plasma sanguíneo e geralmente se apresenta na forma de pentâmero, ou seja, cinco moléculas unidas. É o tipo de anticorpo que aparece primeiro durante as respostas imunológicas, e sua presença sugere que houve exposição recente ao agente infeccioso ou que a doença está em sua fase ativa, podendo indicar que o microrganismo ainda está circulando no organismo do paciente. Assim como a IgD, a IgM é uma das principais imunoglobulinas encontradas na superfície dos linfócitos B, onde atua como receptor para antígenos específicos. A ligação entre a IgM e o antígeno desencadeia a multiplicação dos linfócitos B e sua transformação em plasmócitos.

A IgM circulante tem a capacidade de ativar o sistema complemento, um conjunto de enzimas do plasma sanguíneo que, quando ativadas, podem causar a destruição de bactérias e outros efeitos imunológicos. Devido ao seu elevado peso molecular, a IgM não consegue atravessar a placenta. Ela é o primeiro anticorpo a aumentar durante a fase aguda das respostas imunológicas, sendo um marcador importante de infecções recentes.

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IgE

A IgE está associada à defesa do organismo contra infecções causadas por vermes, protozoários e também está envolvida em reações alérgicas. Normalmente, ela se apresenta na forma de monômero e possui alta afinidade por receptores localizados na membrana de mastócitos e basófilos. Logo após serem produzidas pelos plasmócitos, as moléculas de IgE se ligam a esses receptores e praticamente deixam de ser detectadas no plasma. As reações alérgicas são mediadas pela interação entre a IgE e os antígenos (alérgenos) que estimulam sua produção. 

Quando o alérgeno que desencadeou a produção de IgE entra novamente em contato com o organismo, o complexo antígeno-IgE formado na superfície dos mastócitos e basófilos induz a produção e liberação de diversas substâncias biologicamente ativas, como histamina, heparina, leucotrienos e ECF-A (eosinophil chemotactic factor of anaphylaxis). Essas substâncias são responsáveis pelos sintomas característicos das reações alérgicas.

IgD 

A IgD é coexpressa junto com a IgM na superfície de linfócitos B maduros. Sua função é reconhecer antígenos, contribuindo para a ativação dos linfócitos B. No plasma, ela está presente na forma monomérica e em quantidades muito pequenas, representando apenas 0,2% do total de imunoglobulinas circulantes.

Referências Bibliográficas

  1. ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H. Cellular and molecular immunology. 9. ed. Philadelphia, Penns.: Saunders, 2005.
  2. SAÚDE, B. O que são anticorpos e qual é sua importância para a saúde humana? Disponível em: https://beepsaude.com.br/o-que-sao-anticorpos/.
  3. Anticorpos: entenda como essas proteínas atuam na defesa do organismo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/biologia/anticorpos.
  4. Diagrama para Anticuerpos (Inmunoglobulinas). Disponível em: https://quizlet.com/ar/300824099/anticuerpos-inmunoglobulinas-diagram/. Acesso em: 14 mar. 2025.

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