O Processo Digestivo: Como os Alimentos São Misturados e Movidos do Estômago ao Intestino

Tópicos do Artigo:

  1. Introdução
  2. Mastigação
  3. Deglutição
  4. O que Ocorre no Estômago?
  5. O que Ocorre no Intestino Delgado?
    • Movimento de Peristaltismo
  6. Movimentos do Cólon
  7. Defecação
    • Reflexos de Defecação

Introdução

A quantidade de comida que um indivíduo consome é influenciada principalmente por uma necessidade natural de se alimentar, conhecida como fome. Já a preferência por determinados alimentos é definida pelo apetite. O foco desta análise está nos aspectos físicos da alimentação, especialmente no ato de mastigar e engolir.  

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Mastigação

Os dentes possuem uma estrutura perfeita para a mastigação. Os incisivos, localizados na frente, têm a função de cortar os alimentos, enquanto os molares, posicionados atrás, são responsáveis por triturá-los. A mastigação é essencial para a digestão de qualquer tipo de alimento, mas torna-se ainda mais crucial no caso de frutas e vegetais crus, pois esses alimentos possuem fibras de celulose indigeríveis que envolvem seus nutrientes, exigindo que sejam rompidas antes da absorção.  

Além disso, a mastigação facilita a digestão por um motivo simples: as enzimas digestivas só agem sobre a superfície das partículas alimentares. Dessa forma, quanto maior a área de contato exposta aos sucos digestivos, mais eficiente será o processo. Triturar os alimentos até que fiquem bem fragmentados também evita irritações no trato digestivo, melhora o esvaziamento gástrico e permite que o bolo alimentar transite com mais facilidade pelo intestino delgado e pelas demais partes do intestino.  

Deglutição

A deglutição é um processo complexo, especialmente porque a faringe desempenha funções tanto no sistema respiratório quanto no alimentar. Durante a passagem do alimento, ela se transforma temporariamente em uma via de condução, exigindo um equilíbrio preciso para que a respiração não seja interrompida.  

Esse ato pode ser dividido em três fases sequenciais: a primeira é controlada voluntariamente, dando início ao movimento de engolir; a segunda ocorre na faringe de maneira involuntária, impulsionando o alimento em direção ao esôfago; e a terceira, também automática, leva o alimento pelo esôfago até o estômago. Cada etapa é essencial para garantir que o alimento seja direcionado corretamente sem afetar a função respiratória.

O que Ocorre no Estômago?

Os sucos digestivos estomacais são produzidos pelas glândulas gástricas, distribuídas em grande parte da parede do órgão, com exceção de uma pequena região na curvatura menor. Essas secreções entram em ação assim que entram em contato com os alimentos que estão em contato com a mucosa gástrica.  Enquanto o alimento permanece no estômago, movimentos peristálticos suaves, conhecidos como ondas de mistura, se iniciam na parte média e superior do órgão e avançam em direção ao antro em intervalos de 15 a 20 segundos. Esses movimentos são desencadeados pelo ritmo elétrico natural da parede estomacal.  

Conforme essas contrações se aproximam do antro, tornam-se mais intensas, algumas chegando a formar potentes anéis musculares que, impulsionados por potenciais de ação peristálticos, pressionam o conteúdo gástrico em direção ao piloro com força crescente. Esse mecanismo garante a mistura eficiente do alimento com os sucos digestivos e seu progresso em direção ao intestino.  

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O que Ocorre no Intestino Delgado?

O intestino delgado apresenta movimentos semelhantes aos de outras regiões do sistema digestivo, podendo ser classificados em movimentos de mistura e movimentos de propulsão. No entanto, essa distinção é relativamente teórica, pois praticamente toda atividade motora intestinal promove, em certa medida, tanto a mistura quanto o deslocamento do conteúdo digestivo.

Movimento de Peristaltismo

Esses movimentos peristálticos podem surgir em qualquer segmento do intestino delgado, deslocando-se em direção ao ânus com velocidade variável entre 0,5 e 2 cm por segundo – sendo mais rápidos na porção inicial e mais lentos na região final. Essas contrações são de baixa intensidade e geralmente cessam após percorrerem uma distância de três a cinco centímetros.  

A motilidade intestinal sofre uma intensificação significativa após a alimentação. Esse estímulo ocorre parcialmente devido à chegada do quimo no duodeno, que provoca distensão da parede intestinal. Outro fator contribuinte é o reflexo gastroentérico, ativado pela expansão do estômago e transmitido principalmente pelo plexo mioentérico, propagando-se ao longo do intestino delgado.  

Além da regulação nervosa, diversos hormônios influenciam o peristaltismo intestinal. Entre os estimulantes da motilidade estão a gastrina, colecistocinina (CCK), insulina, motilina e serotonina, liberados em diferentes etapas da digestão. Em contrapartida, a secretina e o glucagon exercem efeito inibitório sobre esses movimentos. Contudo, o papel fisiológico preciso de cada um desses hormônios no controle da motilidade intestinal ainda não está completamente esclarecido.  

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Movimentos do Cólon

O cólon desempenha duas funções essenciais: absorver água e eletrólitos do quimo para transformá-lo em fezes consistentes e armazenar o material fecal até sua eliminação. Enquanto a porção proximal do cólon está mais envolvida no processo de absorção, a parte distal se dedica principalmente ao armazenamento. Como essas atividades não exigem contrações vigorosas, os movimentos do cólon geralmente ocorrem de maneira lenta. No entanto, mesmo sendo menos intensos, esses movimentos mantêm características análogas às do intestino delgado, podendo ser classificados em movimentos de mistura e movimentos de propulsão.  

Defecação

Quando as fezes são impulsionadas para o reto por movimentos peristálticos intensos, desencadeia-se imediatamente o reflexo de defecação, provocando a contração das paredes retais e o relaxamento dos esfíncteres anais. Para evitar a saída involuntária de conteúdo fecal, existem dois mecanismos de contenção: primeiro, o esfíncter anal interno, formado por uma camada espessa de músculo liso que reveste a porção inicial do canal anal; segundo, o esfíncter anal externo, constituído por fibras musculares estriadas que envolvem o esfíncter interno e se estendem além dele. Enquanto o esfíncter interno funciona de forma involuntária, o externo é controlado pelo nervo pudendo, permitindo seu controle consciente. Esse músculo permanece constantemente contraído por ação reflexa, sendo necessário um comando voluntário para seu relaxamento e consequente liberação das fezes.  

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Reflexos de Defecação

O processo de evacuação é normalmente desencadeado por reflexos naturais do organismo. Um desses mecanismos é um reflexo interno regulado pelo sistema nervoso entérico presente na parede do reto. Quando as fezes atingem a região retal, o estiramento da parede intestinal ativa impulsos nervosos que se propagam através do plexo mioentérico, estimulando contrações rítmicas no cólon descendente, sigmoide e reto, o que impulsiona o conteúdo fecal em direção ao ânus. À medida que essas contrações se aproximam da abertura anal, o esfíncter interno relaxa devido a sinais inibitórios do mesmo plexo nervoso. Quando o esfíncter externo – controlado voluntariamente – também é relaxado de forma consciente nesse momento, ocorre a eliminação das fezes.  

Referências Bibliográficas

  1. HALL, J. E.; HALL, M. E. Guyton and Hall Textbook of Medical Physiology. 14. ed. [S.l.]: Elsevier, 2021.
  2. DIARIO PANORAMA. Diario Panorama. Disponível em: https://www.diariopanorama.com/noticia/426009/sintomas-podrian-indicarte-tus-intestinos-estan-funcionando-mal. Acesso em: 3 abr. 2025.
  3. Digestion And Peristalsis. Gastrointestinal Peristalsis Diagram. Human Digestive System Stock Illustration – Illustration of peristalsis, gastrointestinal: 184537888. Disponível em: https://www.dreamstime.com/digestion-peristalsis-gastrointestinal-diagram-human-digestive-system-carries-bolus-esophagus-vector-illustration-image184537888.
  4. Seminário integrado de Fisiologia. Disponível em: https://pt.slideshare.net/slideshow/seminrio-integrado-de-fisiologia/35145176. Acesso em: 3 abr. 2025.

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